sábado, 31 de janeiro de 2009

Mesa de Frades...porque aqui o Fado mora.




Vielas De Alfama


Horas mortas, noite escura,
Uma guitarra a trinar,
Uma mulher a cantar
O seu fado de amargura.

E através da vidraça
Enegrecida e rachada
Aquela voz magoada
Entristece a quem lá passa.
Vielas de alfama,
Ruas da Lisboa antiga,
Não há fado que não diga
Coisas do vosso passado.
Vielas de alfama,
Beijadas pelo luar,
Quem me dera lá morar
P'ra viver junto do fado.
A lua às vezes desperta
E apanha desprevenidas
Duas bocas muito unidas
Numa porta entreaberta.
E então a lua, corada,
Ciente da sua culpa,
Como quem pede desculpa,
Esconde-se envergonhada.

Max

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Talvez pareça estranha a escolha deste poema para primeiro post mas... é assim, todo o começo tem um "FIM".

FIM
- Quando eu morrer batam em latas,
Rompam aos saltos e aos pinotes -
Façam estalar no ar chicotes,
Chamem palhaços e acrobatas.
Que o meu caixão vá sobre um burro
Ajaezado à Andaluza:
A um morto nada se recusa,
E eu quero por força ir de burro...
Mário de Sá-Carneiro