quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

3 anos passaram desde a última publicação aqui, num blog que criei já sem saber bem porquê. E é, igualmente, sem saber porquê que volto agora, de novo.
Na verdade, nunca percebi claramente para que serve. Talvez nem isso importe. Deve ser mesmo assim. Pode até ser que volte a abandoná-lo, novamente, em breve. Ou então não. O tempo o dirá.
E nestes 3 anos, tanta coisa mudou mas vivemos na ilusão de que tudo está igual. Ou será o contrário?
Neste 2013, espero alimentar o Le Petit Rien com um pouco de mim, desejando não fazer dele um espaço confessional. I hope so...

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

TiCtAcTiCtAcTiCtAcTiCtAc

Tic, tac, tic, tac
respira fundo enquanto fechas os olhos pela arte de não sofrer
tudo é inócuo para os que não sabem sentir
ouvem o tic e o tac e o tic-tac e nada muda
um gesto, um olhar, um silêncio
impune.

MC

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Vieira da Silva, L'issue lumineuse



Lês como quem escreve e escreves como quem lê a vida através de uma lupa doirada que nos ofusca e simultaneamente encanta o olhar porque são olhos de mago e de rei e de criança que não sabe o que é o mal nem sequer o que está bem no mundo que lhe espreita vagarosa e docemente pela janelinha de cortina que corre ao sabor do vento frágil.


MC

Esta neve que não é minha é tão branca, é tão fria.
Resta o vento que aqui corre que nos traz essa ilusão, a de um sonho saboroso, bem cheiroso e colorido.

MC

ausências

Digo que não, sinto que não, quero sentir que não quando sinto sempre que sim. Uma gota de sangue corre com toda a fúria sobe desce aperta-me o coração o teu pensamento. Cada passo corrói a alma dos ausentes. Não sinto nem réstia do teu perfume na primeira ruga do meu peito mas guardo-te comigo.

MC

voltar a Portugal

É bom voltar a casa e sentir o cheiro do sal, este sal de Portugal que nos enleia os sentidos e ensina a recomeçar a cada instante porque o orvalho cai e não deixa marca e o suor, que escorre, e se funde no Tejo dos meus amores cantados com o sangue de um homem novo que toca o vazio a cada respirar, não acaba mais...


MC

Mãe

Mãe! Ata as tuas mãos às minhas e dá um nó-cego
muito apertado! Eu quero ser qualquer coisa
da nossa casa. Como a mesa. Eu também quero ter
um feitio que sirva exactamente para
a nossa casa, como a mesa.
Mãe! Passa a tua mão pela minha cabeça!
Quando passas a tua mão na minha cabeça
é tudo tão verdade!

José de Almada Negreiros, Confidências