Enfin...les belles au toillete! On s´amuse...!
sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009
terça-feira, 24 de fevereiro de 2009
quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009
terça-feira, 17 de fevereiro de 2009
AURORA
A poesia não é voz – é uma inflexão.
Dizer, diz tudo a prosa.
No verso nada se acrescenta a nada,
somente um jeito impalpável dá figura
ao sonho da cada um, a expectativa
das formas por achar. No verso nasce
à palavra uma verdade que não acha
entre os escombros da prosa o seu caminho.
E aos homens um sentido que não há
nos gestos nem nas coisas:
voo sem pássaro dentro.
domingo, 15 de fevereiro de 2009
domingo, 8 de fevereiro de 2009
sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009
Tremores no peito,
o pó sufocante das trincheiras,
estrondos de alma que perfuram os tímpanos,
destes que combatemos na sombra.
Já não há dia, nem noite, somos o boneco que está sem ser. Quero voltar, sumir talvez.
Mas esta ânsia de pátria é mais alta, dou de mim ser saber quem sou afinal.
Eles dizem saber de tudo, esses que não sabem o que é o inferno da guerra, que de gravata jogam as nossas vidas com politiquismos sem sentido.
A glória é deles, desses grandes que nem sabem o cheiro desta terra que é já nossa e nunca será deles, nem de ninguém.
Que glória inglória a deles e a nossa.
É um jogo de marionetas em que não adivinho o final, nem quero saber.
Faz-se fogo, morre o inimigo, morreremos nós também.
Não tenho mais força para arrastar o cadáver que sou agora.
Talvez nunca mais vos veja.
Bastava apenas sentir o calor dos vossos abraços, um único instante.
O tempo aqui não passa.
Não quero morrer.
quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009
"Pois foi um verdadeiro sucesso a Noite de Fado, no passado Sábado, na Taverna dos Trovadores.
Lá fora um verdadeiro temporal e dentro de portas um ambiente super aconchegante, iluminação mais que perfeita, uma comidinha de ir às lágrimas e umas vinhaças de se tirar o chapéu.Pedro Moutinho e "amigos" (o pai, a mãe e a amiga Mónica) e o nosso querido Rogério dos "Boémia" que também abrilhantou a ala do Fado, cantando e encantando...
Ah fadista(s)! "
segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009
País por conhecer, por escrever, por ler...
País purista a prosear bonito, a versejar tão chique e tão pudico, enquanto a língua portuguesa se vai rindo, galhofeira, comigo.
País que me pede livros andejantes com o dedo, hirto, a correr as estantes.
País engravatado todo o ano e a assoar-se na gravata por engano.
País onde qualquer palerma diz, a afastar do busílis o nariz:- Não, não é para mim este país!
Mas quem é que baquestica sem lavar o sovaco que lhe dá o ar?
Entrincheiram-se, hostis, os mil narizes que há neste país.
País do cibinho mastigado devagarinho.
País amador do rapapé, do meter butes e do parlapié, que se espaneja, cobertas as miúdas, e as desleixa quando já ventrudas.
O incrível país da minha tia, trémulo de bondade e de alegria.
Moroso país da surda cólera, do repente que se quer feliz.
Já sabemos, país, que és um homenzinho...
País tunante que diz que passa a vida a meter entre parêmtesis a cedilha.
A damisela passeiano país da alcateia, tão exterior a si mesma que não é senão a fome com que este país a come.
País do eufemismo, à morte dia a dia pergunta mesureiro: - Como vai a vida?
País dos gigantones que passeiam a importância e o papelão, inaugurando esguichos no engonçodo gesto de nuvens ideia!
Corre, boleada, pelo azul, a frota de nuvens pelo país.
País desconfiado a reolhar por cima dum ombro que, com razão, duvida.
Este país, enquanto se alivia, manda-nos à mãe, à irmã, à tia, a nós e à tirania sem perder tempo nem caligrafia.
Nesta mosquitomaquia que é a vida, ó país, que parece comprida!
A Santa Paciência, país, a tua padroeira, já perde a paciência à nossa cabeceira.
País pobrete e nada alegrete, baú fechado com um aloquete, que entre dois sudários não contém senão a triste maçã do coração.
Que Santa Suplicanta nos confortena má vida, país, na boa morte!
País das troncas e de longas ao telefone com mil cavilhas para cada nome.
Da ramona, país, que de viagens tens, tão contrafeito...
Embezerra, país, que bem mereces, prepara, no mutismo, teus efes e teus erres.
Desaninhada a perdiz, não a discutas, país!
Espirra-lhe a morte pra cima com os dois canos do nariz!
Um país maluco de andorinhast esourando as nossas cabecinhas de enfermiços meninos, roda-viva em que entrássemos de corpo e alegria!
Estrela trepa, trepa pelo vento fagueiro e ao país que te espreita, vê lá se o vês inteiro.
Hexágono de papel que o meu pai pôs no ar, já o passo a meu filho, cansado de o olhar...
No suma pau seboso da terceira, contigo viajei, ó país por lavar, aturei-te o arroto, o pivete, a coceira, a conversa pancrácia e o jeito alvar.
Senhor do meu nariz, franzi-te a sobrancelha;entornado de sono, resvalaste pra mim. Mas também me ofereceste a cordial botelha, empinada que foi, tal e qual clarim!
Alexandre O'Neill, "Feira Cabisbaixa", 1965
domingo, 1 de fevereiro de 2009
Enganei-me.
Quiseram saber de tudo, ouviram o que dizia. E depois…
Terminou.
Deixaram-me morrer como quem não vale mais que um fruto apodrecido.
Suspirei.
Diziam que era isso, um verme, daqueles que sonham.
Utopias.
E venci…ressuscitei da sombra que me cravava mais e mais no abismo dos dias.
Nasci.
Naquele dia em que os raios de sol teimaram em aquecer-me, vi-o.
Indefinido.
O traço vago na estrada de terra onde passavam carroças puxadas por cavalos.
Turistas.
Todos o somos, afinal. Mas só alguns o conseguem ver, ou talvez o queiram ver.
Num flash.
Olhei o caminho, fugi da rota que todos viam, concentrei-me no novo desafio.
Determinação.
Corri até à curva da estrada. Do outro lado estavas tu, a sorrir para mim, dizendo-me que afinal vale a pena.
Valeu.
Mónica Cunha