sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

TrEmOrEs nO pEiTo


Tremores no peito,
o pó sufocante das trincheiras,
estrondos de alma que perfuram os tímpanos,
destes que combatemos na sombra.
Já não há dia, nem noite, somos o boneco que está sem ser.
Quero voltar, sumir talvez.
Mas esta ânsia de pátria é mais alta, dou de mim ser saber quem sou afinal.
Eles dizem saber de tudo, esses que não sabem o que é o inferno da guerra, que de gravata jogam as nossas vidas com politiquismos sem sentido.
A glória é deles, desses grandes que nem sabem o cheiro desta terra que é já nossa e nunca será deles, nem de ninguém.
Que glória inglória a deles e a nossa.
É um jogo de marionetas em que não adivinho o final, nem quero saber.
Faz-se fogo, morre o inimigo, morreremos nós também.
Não tenho mais força para arrastar o cadáver que sou agora.
Talvez nunca mais vos veja.
Bastava apenas sentir o calor dos vossos abraços, um único instante.
O tempo aqui não passa.
Não quero morrer.



Mónica Cunha

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